O Senado aprovou na noite desta terça-feira (29), em primeiro turno, por 61 votos a 14, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que prevê o congelamento dos investimentos públicos federais por 20 anos. O segundo turno está previsto para o próximo dia 13.
Do lado de fora, na Esplanada dos Ministérios, mais de 10 mil pessoas – estudantes, trabalhadores, movimentos populares que viajaram de diversas partes do país – manifestavam-se contra a votação. O protesto realizado por movimentos sociais contra a proposta do governo Michel Temer foi duramente reprimido pela Tropa de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal. A sessão plenária que antecedeu a votação não teve espectadores. O Parlamento fechou as portas para a sociedade.
A proposta, que institui o Novo Regime Fiscal, foi apresentada em junho pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e se for aprovada ainda este ano como pretende o governo, terá tramitado em tempo recorde no Congresso, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
“Governo golpista investe na violência e repressão policial para tentar conter as manifestações que vem dos quatro cantos do país. Inadmissível que jovens estudantes, trabalhadores e trabalhadoras que de maneira pacífica se manifestam em frente ao Congresso Nacional, sejam atacados por policiais truculentos usando bombas e gás lacrimogêneo”, disse o deputado federal Rubens Otoni. .
Violência e infiltração
O 29 de novembro ficará marcado como um dia triste para o Brasil, para uma República que já se mostra "velha, carcomida e policialesca", como avalia o presidente da CUT, Vagner Freitas. "O cenário de praça de guerra já se manifestava antes mesmo de os manifestantes chegarem a um quilômetro do prédio do Congresso Nacional", disse. Freitas afirmou que não esperava a forma como foram reprimidas as manifestações e acrescentou que o que aconteceu nesta terça-feira lembrou "os idos distantes da ditadura e, mais além, do coronelismo".
A secretária das relações de trabalho da CUT, Graça Costa, afirmou que o resultado do dia, se mostrou de forma fiel o que acontece hoje no país. "Os trabalhadores mostraram que são capazes de resistir e lutar para manter seus direitos e evitar perda. Temos a votação do 1º turno e sabemos que a manifestação, mesmo reprimida, foi grandiosa. Os vários movimentos sociais já se organizam para a votação durante o segundo turno da proposta. Nossa intenção é deixar claro que vamos reagir."
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) comentou no Facebook que com "extrema violência, gás e bombas, a Polícia Militar do DF massacrou estudantes que realizavam manifestação, em frente ao Congresso Nacional, contra a PEC 55. Militantes de extrema-direita estavam infiltrados na manifestação provocando quebra-quebra para causar tumulto e ação da Polícia contra os estudantes".
Pimenta disse que parlamentares do PT chegaram ao local para negociar o fim do massacre, mas que as autoridades policiais "não aceitaram qualquer acordo, e continuaram avançado sobre a população". "Os deputados e deputadas por diversas vezes tentaram fazer um cordão em frente aos policiais, em uma tentativa de proteger os manifestantes".
Comunicação Deputado Federal Rubens Otoni