Não importa o caminho que um país escolha para seu desenvolvimento e geração de riquezas: o investimento em educação é a base que assegura qualquer projeto de Nação, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Um país pode decidir ser uma potência bélica, como os Estados Unidos, ou uma grande potência industrial, como a Alemanha, ou um produtor de tecnologia de ponta, como o Japão. O que eles têm em comum é o investimento em conhecimento e inteligência. Então, não me venha o governo Temer dizer que educação é gasto. Educação é o futuro”.
Lula encerrou, na noite desta segunda-feira (9), o seminário Educação Pública, desenvolvimento e soberania nacional, promovido em Brasília pelas bancadas do PT na Câmara e no Senado, em parceria com a Fundação Perseu Abramo e com a Escola Nacional de Formação Política do PT.
O ex-presidente voltou a criticar os severos cortes nos orçamentos para a educação, e ciência e a tecnologia realizados pelo governo instaurado após o golpe parlamentar de 2016. “Se ficarmos por conta dos números atuais, nosso futuro estará comprometido, nosso futuro será a dependência”, alertou.
O seminário sobre Educação Pública foi encerrado com um ato político suprapartidário que contou com a presença de muitos professores e estudantes, representantes de entidades do setor e lideranças políticas como a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann.
Os participantes fizeram um minuto de silêncio em homenagem ao reitor da Universidade de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier, que há uma semana suicidou-se em Florianópolis, abalado com o abuso de autoridade praticado por policiais federais, promotores e juízes que investigavam denúncias anteriores à sua gestão na UFSC.
Gleisi Hoffmann também pediu uma salva de palmas para a professora Heley Batista da Silva, que morreu em Janaúba (MG), tentando salvar seus alunos de um atentado incendiário, no último dia 5 de outubro. “Heley representa a essência da dedicação dos professores brasileiros”, destacou a senadora.
Ela ressaltou que um Estado como o brasileiro, desenhado desde a colônia para ser excludente, a luta para assegurar o acesso de todos à educação de qualidade é uma marcha de longo curso. “Mas não podemos perder de vista que a universidade é uma construção social. Se ela for aberta a todos, acessível, ela será um instrumento de emancipação”.
O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias, apontou em números o desmonte do setor educacional no Brasil e alertou que o congelamento de investimentos públicos durante 20, como está definido na Emenda Constitucional 95 (derivada da PEC 55, a chamada “PEC da morte”), o quadro tende a se tornar ainda mais sombrio. “As universidades públicas estão vivendo um estrangulamento total”, denunciou ele.
Lindbergh pediu que Lula, caso retorne à Presidência da República, convoque imediatamente um referendo para revogar essa emenda. Lula respondeu reafirmando que “a ideia de que investir em educação prejudica o Orçamento só pode ser defendida por quem abdicou de construir uma Nação”.