2017 é o ano chave para o futuro da democracia no Brasil

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

Entre tantos outros, há dois movimentos contraditórios na sociedade brasileira, os dois muito impetuosos. Um, o da Lava Jato, que não poupa meios para avançar no processo de criminalização da política e de devastação do patrimônio público brasileiro. Os dois correm de forma associada, porque sem a blindagem do golpe e do regime de exceção que ele instaurou, não se poderá seguir no processo de redução do Brasil às dimensões do mercado, do Estado mínimo e da subserviência externa.
 
O outro movimento tem no ex-presidente Lula sua referência central, tem a ver com as eleições diretas e o resgate da democracia no Brasil.
 
Os dois campos tem convivido de maneira contraditória, com escaramuças constantes entre eles, projetando um enfrentamento frontal, do qual só um deles pode sair vencedor. Um deles representa a destruição do Estado de direito, a tutela sobre a vida política de membros do Judiciário com o objetivo direto de tirar Lula da vida política e de destruir o potencial econômico do Brasil. Lula, por sua vez, representa a grande possibilidade de retomada da democracia e desse potencial ameaçado pela ação predatória e combinada de membros do judiciário, do governo golpista e da mídia.
 
A democracia e a ditadura não podem conviver de forma permanente. São duas lógicas antagônicas, que representam elites restritas, uma, à grande maioria da população, a outra. O Brasil hoje está num processo de transição da democracia, rompida com o golpe, para um regime de exceção, de ditadura. Para se consolidar, este precisa blindar o sistema político, porque qualquer consulta democrática ao povo levará ao fim do regime instalado pelo golpe e ao retorno do direito do povo decidir livremente o presidente do país. Lula é o grande empecilho para a blindagem do regime ditatorial.
 
Na lógica do regime de exceção, se trata de condenar Lula, mesmo sem provas, de forma arbitrária e absurda, partidária, como atua a Lava Jato, nas duas instâncias, querendo com isso tirar o líder político mais importante da história do Brasil, o melhor presidente que o pais já teve, que o povo quer de volta na presidência, da disputa eleitoral. Seria a vitória do arbítrio, da judicialização arbitrária da política, do projeto do capital financeiro aqui dentro e do imperialismo norte-americano, para desmontar o Brasil como potencia, como economia emergente, como modelo de luta contra a miséria no mundo.
 
Na logica da democracia, se trata de recuperar o inalienável direito do povo decidir pelo voto direto o governo que deve conduzir o pais. Se trata de recuperar o modelo econômico de desenvolvimento com distribuição de renda, de proteger o Estado da dilapidação atual, de resgatar sua capacidade de dirigir a economia e garantir os direitos sociais da massa da população, os empregos dos trabalhadores, a soberania e a dignidade externa do Brasil.
 
Uma é a logica do capital financeiro, dos ganhos especulativos às custas do desmonte produtivo do pais, do desemprego e da exclusão social. A outra é a logica da produção e da distribuição de renda, da garantia do emprego e da inclusão social. Uma é a lógica dos EUA e sua politica imperial, a outra é a lógica da América Latina e do Sul do mundo.
 
O país não sairá de 2017 o mesmo que entrou. Ou a direita fascista e entreguista consegue blindar o sistema político, impedindo Lula de ser candidato, ou o povo, as forças democráticas, os brasileiros, conseguem desmontar a destruição do Brasil, e garantir que o futuro do país seja decidido pela via democrática das eleições diretas.
 

Fonte: www.brasil247.com.br

 

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